19 de Abril - Uxmal, México

Depois de alguns dias estou de volta e pouco a pouco vocês vão saber o porquê da minha ausência, mas como sou um bom garoto, vou contar tudo detalhadamente para que vocês viajem junto comigo.

Ontem à noite combinei com o Kan, o coreano, de ir pra Uxmal juntos e como não tenho relógio e ele tem, ele disse que acordaria por volta das sete e a gente iría. Mero engano, acordei nove e meia e ele estava lá roncando. Eu chamei, mas ele não respondeu, azar. Arrumei minhas coisas, tomei um banho e estava pronto pra conhecer Uxmal. Antes passei na recepção pra fazer o check-out porque tenho planos de seguir pra Palenque à noite, mas isso é outra história.

Tomei um ônibus (42) pra Uxmal, e fui dormindo todo o trajeto que é de umas duas horas, e quando acordei já estava lá. Era quase meio-dia, ou seja, eu tinha três horas pra visitar o lugar e depois tinha que regressar à Mérida pra pegar o ônibus pra Palenque, que saía às sete e meia. Três horas não é muito, pelo menos não pra mim, porque gosto de examinar cada detalhe, sentar no chão, aproveitar de fato, mas isso vocês já sabem. Comprei uma água (20), comprei a entrada (98) e estava pronto pra conhecer mais um lindo lugar.

Uxmal. Esse lugar é conhecido porque abriga, assim como Chichén Itzá, uma enorme pirâmide e por ter sido uma próspera cidade também, aonde viveram reis Maias. É completamente diferente dos outros lugares que fui, arquitetura diferente e a disposição das construções completamente distinta, mas o mais interessante é a riqueza dos detalhes, isso é o que faz de Uxmal um lugar fantástico. Ouvi da boca de um rapaz que trabalha lá uma coisa que achei interessante, ele me disse que fazendo uma alusão aos dias de hoje, Chichén Itzá é como Nova York e Uxmal como Paris, uma conhecida pelos seus arranha-céus e outra por sua cultura riquíssima, e isso faz o maior sentido.

Entrei no parque e dei de cara com a pirâmide, ela é espetacular, totalmente diferente das outras, tirei umas fotos, olhei um pouco, pensei um pouco. Realmente os Maias eram incríveis, a cada novo lugar que conheço fico mais encantado com a grandiosidade de suas cidades que agora são só ruínas, mas tento imaginar como foram no passado, e eu sei, foram incríveis. Algumas pessoas que conheci me disseram que depois de duas ruínas, tudo se torna a mesma coisa, não pra mim, cada uma é uma, e eu quero ver todas, não sei se é porque realmente gosto da história e porque me sinto bem nestes lugares, mas com certeza não é a mesma coisa, nunca será.

Segui meu caminho e cheguei a praça central, foi exatamente nesta hora que entendi perfeitamente porque Uxmal é Paris. Os detalhes estão em todos os lugares, colunas trabalhadas, paredes desenhadas, e todas as fachadas ornamentadas, ora com estátuas, ora com painéis, por todos os lados. Magnífico, nunca tinha visto nada igual, e as pessoas dizem que é o mesmo, resolvi que era ali que eu ia sentar no gramado pra ter meu momento zen, mas não naquela hora, ia ver todo o parque e voltar pra lá, onde com certeza só sentiria boas energias.

Andei o parque inteiro, vi todas as construções, subi naquelas que eram permitidas, admirei de longe as que não eram, cheguei no topo do parque. É uma colina aonde fica o palácio dos reis, que é muito bonito também, e foi de lá que pude ver a imensidão verde ao redor do parque e no meio de todo este verde as belezas da Pirâmide e da Praça Central. Que vista, me lembrou um ponto de Machu Pichu de onde é possivel ver todo o parque e que inclusive tenho uma linda foto neste lugar. Mas a beleza é pensar que era daquele mesmo lugar que ele, sentado na varanda de seu palácio tomava conta de sua cidade e de seu povo, como um verdadeiro Rei.

Tirei muitas fotos, é claro, e algumas ficaram incríveis, estou me saindo um bom fotógrafo, acho. Mãe, só deste começo da viagem já tenho umas cinco que vão virar quadros com certeza. Enfim fiquei alí um tempo admirando o lugar e me sentindo o rei tomando conta de sua cidade. Quem sabe isto não me encanta tanto porque em uma outra vida fiz parte disto tudo, vivi nestes lugares e é por isso que existe sintonia tão perfeita entre a gente. É de se pensar.

Voltei pra praça e lá segui o procedimento de sempre, sentei no chão, tirei meus chinelos, mas desta vez fiz tudo com os olhos abertos, pra perceber cada detalhe e tentar entender seus significados. Realmente não há como descrever, é muito rico, e pra quem não sabe, tudo que esta ali nas fachadas, colunas e paredes tem seu significado, então só depende de você parar alí e tentar entendê-los, ou ao menos admirá-los. Fiquei lá uns trinta minutos, pensei de novo em cada um de vocês, em coisas boas, vocês sabem, estamos longe, mas estamos juntos e isto é o mais importante.

Saí do parque encantado com a riqueza do lugar, tem gente que não vai pra Uxmal porque não é tão turístico, não é famoso, fico triste por estas pessoas, porque às vezes eles vem de tão longe, estão tão perto e deixam isso passar, como o Kan, que ficou dormindo. Se um dia estiverem perto daqui, este é um lugar que vale a pena, não por suas construções, mas pelos seus pequenos grandes detalhes e nem preciso falar de novo, lugares como este te fazem sentir bem, basta querer.

Fui tomar o ônibus e só tinha uma van que saía às cinco, resolvi almoçar no restaurante que tinha por lá. Pedi um pollo à la mexicana (90) que estava delicioso apesar de ser pequeno, e comprei um livro (5) sobre os maias, usado, só pra me inteirar de fato da história. Fiquei lendo até a van chegar, e enfim às vinte para seis ela estava lá, paguei a passagem (30) e agora era resolver as coisas em Mérida.

Só pra não esquecer, conheci um casal de alemães no parque muito gente boa, eles me disseram que em Outubro eu deveria ir pra Alemanha porque eles são de Munchen (Munique), onde tem a maior Oktoberfest do mundo. Bem que eu queria ir este ano, mas acho que vou deixar pro próximo, agora tenho lugar pra ficar lá, aliás se depender dos amigos que fiz, tenho lugares pra ficar em muitos países, essa é a mágica de viajar sozinho.

Voltei na van conversando com um italiano, gente boa também, tinha acabado de voltar do Brasil, disse que conheceu o Rio, São Paulo, Salvador, Iguaçu e Floripa, mas disse que achou Floripa feio, e que não existe nada pra ver e fazer por lá. Fiquei meio confuso, mas não falei nada, às vezes alguem conhece uma outra cidade que também se chame Florianópolis e que seja realmente feia, ou às vezes ele foi pra lá procurando por neve. Nunca se sabe!

Cheguei em Mérida e fui conversar com a Christa e a Anja, as duas holandesas que também estão indo pra Palenque, elas me disseram que já tinham comprado a passagem pro ônibus das dez. Tomei um banho, escolhi minhas roupas pra por na mochilinha e fui comprar a minha passagem, tudo na velocidade porque elas me disseram que não havia muitas. Deu tudo certo, tomei um táxi (15) cheguei lá e comprei a passagem (342), agora estava tudo certo, tinha minhas coisas prontas, minha passagem e a companhia de duas holandesas, bom demais!!!

Voltei caminhando pro albergue, tirei as últimas fotos de Mérida, outra bela cidade que vai ficar pra trás, mas isso é parte da viagem. Cheguei no albergue depois de uns vinte minutos e disse que tudo tinha dado certo, estávamos os três prontos. Jogamos conversa fora até umas nove e meia e tomamos um táxi pro terminal (10) , comi um lanchinho (45) e embarcamos, amanhã é outro dia e com certeza também será incrível porque ouvi maravilhas de Palenque e sei que são verdades

Meus beijos e abraços de hoje vão pra pessoas que tenho a maior consideração, porque fazem parte da minha vida faz tempo e hoje queria estar com eles pra participar desto momento que eu sei que é muito especial:

- Andre, João e Du, parabéns porque vocês concluíram mais uma etapa da suas vidas com sucesso e fico muito feliz por isso. (Parabéns João, porque além de tudo também é seu aniversário)
- Tina, porque falando a respeito de missões cumpridas, tenho que agradecê-la por que nada que fiz e só meu mérito, você tem uma grande parte nisso tudo.