segunda-feira, 28 de abril de 2008

28 de Abril - Comitan de Dominguez, México

Hoje é dia de partida. San Cristóbal é uma cidade que vai ser difícil de esquecer como Cuzco. Desde o início já sabia, pelo lugar, pelas pessoas, pela energia que te faz sentir bem. Mas isto faz parte do que estou fazendo. Conhecer, ficar, amar, partir. Sei que aqui foi bom demais, mas sei também que há muitos outros lugares a conhecer e assim como este me trarão boas recordações.

Acordei bem cedo, umas nove da manhã, tomei meu café da manhã, algumas torradas com geléia e manteiga. Arrumei minhas coisas, enfiei tudo na mala e estava pronto pra partir. Paguei por todas as noites que não tinha pago (400), me despedi do pessoal que já duvidava que eu iría embora um dia, mas desta vez era pra valer.

Tomei um táxi (30) pro terminal de ônibus e fui olhando a cidade pela última vez. San Cristóbal é muito bonito, muito mesmo. As pessoas, a alegria da cidade contagia a todos. Uma mistura de seu povo indígena original, dos mexicanos mestiços e de uma porção de estrangeiros vivendo e aproveitando tudo na mais perfeita harmonia. A arquitetura colonial, para quem se interessa por isso, é de deixar qualquer um fascinado. No meu caso esta percepção é mais aguçada, tive um excelente mestre nesta arte, e com certeza esta fascinação também é parte de um desejo dele que não pode ser cumprido.

Comprei minha passagem (32) pra Comitan de Dominguez, uma cidade que está entre San Cristóbal e a divisa com a Guatemala. Poucas pessoas param nesta cidade, ela não tem muito a oferecer, mas pra mim tem tudo pra ser uma ótima experiência. Descobri uma família indígena na net e possivelmente me hospadarei na casa deles por uns dois dias, pra mim vai ser uma experiência fascinante.

Após duas horas de viagem, cheguei. Tomei um táxi (40) e fui direto pra uma pousada que tem no meu guia e que oferece preços econômicos, chama-se Posada las Flores. Paguei um quarto (80) só para uma noite, já pensando em amanhã ir para a casa da família indígena. A pousada é bem boa, quartos bem limpinhos e banho quente. Tomei um banho e resolvi tirar um cochilo, estava um pouco cansado.

Era por volta das quatro da tarde quando acordei de novo. Fui dar uma volta pela cidade, perguntei pro recepcionista alguns pontos de interesse e ele bem gente boa me arrumou um mapa ilustrado da cidade, com as igrejas, museus, com tudo. Tudo é bem perto, então em umas duas horas tinha conhecido tudo que era possível caminhando. Passei no mercado municipal pra comer alguma coisa, tinham me falado que ali era possível de encontrar tudo que eu queria, e é verdade. Mercado é mercado, mas ali existem vários lugares onde você compra o que quiser, leva em um restaurante e eles preparam pra você. Comprei um pouco de frango e maiz e me prepararam uma coisa (40) que não me lembro o nome, mas era bem gostoso.

A praça central é bem bonita, com fontes e todas as construções com mais de dois séculos, isto é uma coisa que me encanta. Outra coisa é que por toda cidade estão espalhadas esculturas, algumas gigantescas, de escultores mexicanos e locais. Algumas de ferro, outras de pedra, madeira, enfim vários tipos. Resolvi ir a um museu que conta a história de um homem que foi muito importante para esta cidade, o Dr. Belissario Dominguez. O museu é muito informativo e com muitas salas retratando a antiga casa do homem e contando seus feitos. Poderia contar tudo que lembro, mas acredito que seria maçante. O importante é que aprendi um pouco da história de um bom homem e da cidade que estou.

Resolvi que ia pra pousada pra ligar pra família e também para uma menina que conheci no mesmo site. Este site é um site de relacionamento como qualquer outro, mas serve pra você arrumar hospedagem em todas as cidades do mundo enquanto estiver viajando. Liguei pra família e descobri que eles moram na cidade, mas em uma bairro muito afastado, só de sítios, achei que não seria legal, porque para tudo teria que tomar um táxi pra cidade. Nesta hora acabou a força, ficou tudo escuro e eu como gosto pouco, aproveitei a situação pra dormir mais um pouco.

Acordei de novo, pela terceira vez, era umas oito da noite. Peguei umas roupas no fundo da mala, tomei um banho e fui pra praça central comer alguma coisa. Comi umas chalupas, deliciosas por sinal e depois fui ligar pra menina, a Ana. Ela estava ali perto também, falou pra gente se encontar perto dos Mariachis. Fui até lá e esperei uns cinco minutos e lá estava ela, me apresentei, ela se apresentou e falou que estava com uns amigos jogando sinuca, perguntou se eu queria ir e eu respondi, claro que sim. Cheguei lá e conheci o Pedro e a Helena, amigos da Ana. Ficamos lá conversando um pouco enquanto jogávamos e tomávamos umas cervejas, a regras são totalmente diferentes do que no Brasil, mas isso não vem ao caso, afinal estava no México.

Saimos de lá e fomos a uma cafeteria tomar um café. Café depois de cerveja? Não contrariei, mas aqui é habito, então tinha que me adaptar. Pedi uma tortilla e um café (35) enquanto cada um pediu o que queria. Ficamos ali cerca de uma hora conversando sobre vários assuntos, se conhecendo, na verdade me conhecendo porque eles já se conhecem. Eles são boa gente, todos trabalham e tem um rumo na vida, isso é sempre bom, eu mesmo não sei qual é o meu.

O Pedro me deu uma carona até a pousada, me despedi de todos e agradeci. A Ana disse pra eu ligar pra ela amanhã de novo pra gente fazer alguma coisa, possivelmente ir tomar uma cerveja no restaurante do Pedro. Isso é muito bom, quando você chega a uma cidade e tem um contato por lá, não se sente tão perdido. Cheguei na pousada e fiquei lendo meu livro O Imperador até altas horas, nem sei que horas, mas era tarde, porque li umas cento e cinquenta páginas, até acabar.

Não sei o que acontece comigo, já tentei compreender isto mas acredito que não exista uma resposta exata. Deve haver vários motivos, mas a verdade e que ainda estou abalado com a "perda" da minha família. Isto já aconteceu quando deixei Miami, agora de novo. Andei tristinho os últimos dias, acho que tudo isso seja pelo fato de eu estar sentindo uma falta tremenda de vocês, do meu Brasil, da minha família e meus amigos, enfim das minhas raízes.

Meu beijo de hoje vai pra todos vocês que se enquadram nesse parágrafo acima:

- Minhas Raízes, porque sem vocês não sou nada.

2 comentários:

Cintia disse...

Suas raízes estão aqui, sim. Mas continuarão aqui e você poderá sempre voltar pra cá. Aproveite sua busca e seu aprendizado único enquanto puder estar feliz apesar da saudade.
Mas se a saudade apertar, pense que ninguém poderá te dizer como e quando essa viagem deverá terminar, só você.
Siga seu coração.
Beijos1

Unknown disse...

Tobi...
Acho perfeitamente natural essa tristezinha...afinal foi uma relação muito intensa a amizade com a Anja, Christa, Marina e Heine,assim como com o Leo e a Juli...
E mais, além dessa sintonia, vocês conheceram lugares maravilhosos juntos...como você mesmo disse , foi tudo perfeito...
E por coincidência, depois que vocês tomaram rumos diferentes, não deu certo nenhum outro passeio tão legal...
Isso só prova que você é um cara legal, de bons sentimentos...
Ainda tem outras pessoas e lugares legais pra você conhecer...pra depois retornar pra sua casa, pra sua gente...
Tudo tem sua hora...
Aproveite bastante o tempo que resta dessa viagem mágica...

Muita luz, filho...
Beijos.