terça-feira, 22 de abril de 2008

22 de Abril - Cañón del Sumidero, México

Acordei por volta das nove e meia e fui tomar o café da manhã, umas torradas com geléia e manteiga e um café com leite, nada demais, mas só pra sair alimentado. Alí na mesa mesmo resolvemos ir pra um lugar que a gente tinha visto umas fotos lindas, um lugar que se chama ¨Cañón del Sumidero¨, que é um canion, parecido com aqueles que existem no Rio Grande do Sul. A Marina falou que não ia porque ia ficar trabalhando, ela é tradutora, então tem um laptop e viaja trabalhando, que inveja.

Tomei um banho, arrumei minha mala e fomos, eu, o Heine, a Anja e a Christa. Poderíamos ter ido com um tour, que é mais prático, mas resolvemos ir por nossa conta e risco, porque geralmente é mais barato e não queremos gastar dinheiro à toa. Tomamos um táxi (5) até o lugar de onde saem os coletivos pra Chiapa de Corzo, que é a cidade mais próxima do canion. Pagamos (35) e fomos conversando todo o trajeto que é de uns quarenta e cinco minutos, conversamos sobre várias coisas, algumas interessantes, outras não, mas o importante é que a gente está se dando muito bem.

O motorista deixou a gente na beira da estrada, onde você tem que cruzar a pista e caminhar uns cem metros até o lugar de onde saem os barcos para o passeio. Chegamos lá, eu comprei uma água (20) e fomos até a bilheteria pra ver se como éramos quatro, a gente não conseguia um desconto. Não foi possível, compramos cada um o seu boleto (150) e esperamos uns dez minutos até o barco chegar pra gente começar o passeio.

No lugar onde se compra os bilhetes tem um monte de coisas pra comprar, desde umas comidas estranhas até roupas. É engraçado como determinadas coisas que pra mim são caras, pra eles não são, eu sou do país que se ganha em reais, eles vem da Europa do euro, quanta diferença. Às vezes isto é um problema, porque em determinadas coisas acabo gastando um pouco mais do que deveria, mas isso também faz parte, a companhia vale a diferença.

Pegamos um colete salva-vidas, embarcamos em um barquinho que leva quinze pessoas e fomos conhecer o lugar, que por enquanto só conhecíamos por fotografias. O passeio é muito bonito, eu nunca tinha visto nada igual, você se sente uma formiga diante das paredes gigantescas que se erguem ao seu lado, algumas delas alcançam mil metros de altura, inacreditável. O trajeto dura uma hora pra ir e uma hora pra voltar, mas admirar o lugar de ângulos diferentes é outra coisa, são como dois passeios e o barqueiro dá algumas informações preciosas.

As meninas já conheciam um lugar parecido porque tinham ido em um canion na Nova Zelândia, sabe qual? Exatamente aquele onde gravaram O Senhor dos Anéis, aquela parte em que no canto do canion tem as duas estátuas gigantescas dos Deuses do Mundo Antigo. Acontece que, antes delas falarem isso, eu já estava pensando no filme, porque lembra muito, fiquei durante muito tempo pensando nisso, que estava em um lugar que me trazia ótimas lembranças. Quem me conhece, sabe do fascínio que este livro exerce sobre mim. E bem na hora que eu estava pensando sobre o livro, elas comentaram a respeito, trasmissão de pensamento. Algumas pessoas, por mais que se conheçam a pouco tempo, se entendem muito bem, e isto está acontecendo em uma sintonia só, entre as duas e eu.

Paramos em uma gruta em homenagem ao último guerreiro sobrevivente, que fundou o parque Cañón del Sumidero, não entendi muito bem, mas chamam ele de guerreiro porque defendia a natureza e lutou muito pela criação do parque. Paramos em outro lugar que as formações das rochas são chamadas de ¨Arbol de Navidad¨ e vocês vão entender facilmente o porquê quando olharem as fotos. Todo o passeio é desta forma, andando e parando para ver os pontos mais interessantes, até que se chega em um grande lago artificial, que foi formado pela construção de uma represa.

Algumas coisas interessantes que o barqueiro nos contou. O rio, antes da represa não era navegável, porque corria muito rápido e era perigoso pela quantidade de pedras, hoje, devido a represa, adquiriu outras características que tornam possível navegar e fazer o passeio. Na época de chuva, em muitos pontos do canion se formam espetaculares cachoeiras, a mais bela exatamente sobre a Arbore de Navidad, mas só pude ver por fotos. A represa gera energia para todo o estado de Chiapas e ajuda outros estados também e foi concluída em 1984. Muitos trechos das paredes gigantescas foram destruídas por terremotos nos últimos anos. Enfim, além de conhecer um bonito lugar, que me trouxe ótimas lembranças e aflorou minha imaginação, também adquiri algumas informações a respeito do estado de Chiapas, o mais pobre do México.

Na volta, paramos em diversos pontos bem próximo das margens pra olhar os crocodilos. Existem muitos por lá e por isso é proibido nadar neste rio, se você quiser pode até tentar, mas eu não tentaria, porque eu vi muitos e eles são enormes, muito maiores que os nossos jacarés. Falando de animais, existem uma infinidade de espécies de aves, que ora estão na margem descansando e ora estão voando e fazendo mergulhos pra pescar alguns peixes. Por tudo isso, gostei muito do lugar, sem contar que estava com ótimas companhias, e isto faz toda diferença.

Voltamos pro embarcadero e resolvemos ir comer alguma coisa em um restaurante que tinha ali do lado. Cada um pediu o que quis, eu pedi um prato que vinha com camarão, mas não estava muito gostoso e era caro (90). Tudo bem, nem sempre a gente acerta, depois de mais de vinte dias de viagem, foi a primeira vez que errei na comida, acho que demorou pra acontecer. Ficamos alí mais um tempo conversando sobre tudo e mais um pouco e resolvemos voltar pra San Cristóbal. Pegamos desta vez um ônibus (30) na beira da estrada e voltamos todos dormindo, em uma hora já estávamos de volta.

Saímos da estação e resolvemos voltar a pé pro albergue. No caminho paramos no mercado municipal pra olhar o que tinha por lá. Comi um doce (10) que era muito doce, papuque na certa, por isso comi só metade. Saímos de lá e continuamos indo pro albergue, mas tinha mulheres com a gente e mulheres querem parar em todas as lojas do mundo pra não comprar nada, só pra ver, acho que elas são assim no mundo inteiro, por isso fizemos o trajeto que poderia ser de dez minutos em uma hora, paramos um pouco na praca também pra tirar umas fotografias do por do sol, mas enfim chegamos no albergue.

O albergue estava anímadíssimo, cheio de gente conversando nas redes, nas mesas e a Marina fazendo um guacamole pra gente que ela tinha prometido ontem. Sentamos na mesa e começamos a conversar, a Marina trouxe o guacamole, todos comemos e por sinal estava delicioso. Alguém deu a idéia de comprar bebidas e jogar um ¨get drunk card game¨, pronto, a festa estava armada e eu já sabia naquela hora que ia ser das boas.

Eu que fui comprar as bebidas (50), peguei dinheiro de todo mundo e comprei muitas cervejas, vodka e tequila. Voltei pra lá e tinham umas vinte pessoas na mesa só me esperando e aí começamos o jogo. Explicar o jogo é muito difícil, mas é como todos aquele jogos que se você errar, você bebe. Tinha mais mulheres que homens, gente de todas as nacionalidades de novo, só risadas e vários novos amigos. Depois de cinco horas jogando, alguns foram dormir, mas a maioria foi pra balada (130), e lá foi mais divertido ainda, coisas que nunca aconteceriam no Brasil, aqui sempre acontecem, mas agora já me acostumei. Fomos embora por volta das cinco da manhã e a festa continuou no albergue até sei lá que horas. Ótimo dia. Pura diversão.

Meu beijo e abraço de hoje vai pra todas estas pessoas que mesmo sem me conhecer visitam meu blog:

- A Vocês, que me visitam e acompanham minha viagem mesmo sem me conhecer, obrigado.
- Tina, porque sou quem eu sou por sua causa.

4 comentários:

Unknown disse...

Grande Tobi!
Falando de grandes viajantes, já assisti 3 vezes às palestras do Amir Klink (também li todos os livos dele), e uma vez a da família Schurman. Minha impressão é que os Schurman se divertem bastante ao redor dos mares do mundo... e é só!
Já o Amir tira lições de vida de cada lugar, imagem, fato por que passa, e as resume muito bem no final dos capítulos.
Mesmo que você estivesse só se divertindo, já seria um prazer enorme acompanhar sua viagem.
Verificar que além disso, você aprende, se enriquece, e consegue nos passar tudo isso tão bem, através do texto legal e das belas fotos, é muito bom, mesmo!! Dá até mais gosto ser seu parente!!
Grande abraço Tobi!! E dá-lhe Verdão!
Marcelo

Unknown disse...

Oi Tobi!!!
Que delícia que é ler e ver todos os locais por onde você passa...você consegue nos fazer viajar nas suas colocações, descrições e fotos, por sinal, belíssimas fotos... é impressionante como seus relatos são impecáveis, originais e prendem a atenção até do mais leigo como eu que nunca sai do Brasil, mas conheço muitos lugares através das suas especificações detalhadas de cada cantinho por onde passou!
Acho que você tem uma vocação escancarada aí hein menino!
Seu blog está muito legal, rico em detalhes...Parabéns!
Se cuida e continua contando as novidades que eu estou acompanhando aqui, ok?
Saudades...bjinhus!
Bel

Cintia disse...

hahahaha!!! "papuque na certa"!!!
Adorei!! Deve ser legal o povo que não sabe o que é isso tentando entender o significado! Mas nós, povo daqui de Brag, da Santa Luzia e principalemte, da família podemos entender muito bem!

Beijo!

PS: já lhe ocorreu que o camarão (que tava ruim) pode ser o grande vilão do seu revertério digestivo? Camarão é louco pra dar esses 'envenemamentos' violentos.

Unknown disse...

Sentiu-se um pouco "Frodo", então...hehe..
Deve ser de arrepiar mesmo, deparar com uma obra tão grandiosa assim da natureza...grandiosa não só de tamanho, mas do fascínio que exerce...
Legal esse lance que, em todos os lugares por onde passa, pensa em mim...já senti isso e em relação aos meus pais mesmo...é um amor tão grande que a gente sente que queria que aquelas pessoas estivesse compartilhando "in loco" com a gente...
Quando você era pequeno, ou mais novo, que fazíamos os passeios juntos, sempre curti ficar olhando pro seu rosto e captar as expressões, a carinha de surpresa...sua e da Nana, é claro...é uma delícia essa sensação, captar a alegria de quem a gente ama, perceber os olhos brilhando...enfim, você sabe...sou super coruja, mas nem um pouco egoísta...quero a felicidade de vocês, nem que seja à distância...pra mim tá valendo...você curtindo tudo isso me realiza e muito...pode crê...o fato de você pensar em mim por onde passa, é troca de energia, estou aí com você...é energia boa, intensa, do amor mais puro que existe no mundo...amor de mãe...
Meu lindo, liiiiindoooo...continue aproveitando muito, muito mesmo, mas tome mais cuidado com o que come, ou bebe...foi o camarão!
Sabe aquele ditado: "Cuidado por onde pisa", é isso...
Beijos cheios de amor...
Esteja com Deus!