terça-feira, 8 de abril de 2008

08 de Abril - Paamul, México

Bom, pra começar, aviso que arrumei o post de ontem e completei o final, mas vamos lá, sei que hoje estou meio atrasado, mas é que o dia foi cheio, e cheguei na civilização de volta só agora. Só algumas considerações, hoje eu tinha o dia todo planejado, ia pra Cozumel, uma ilha maravilhosa do Caribe e do México, ela é considerada um dos top ten pontos de mergulho em todo o mundo, então estava muito animado, mas adivinha o que? Bom vou começar do início.

Acordei conforme o planejado às 9 da manhã que é quando começam a servir o café da manhã no albergue, queria comer e já tomar meu rumo, então acordei bem na hora e subi no terraço que é onde servem o café. Na verdade é só um copinho de cereal e um pão bem duro, uma bosta, te dão um copinho de leite também, mas você coloca o leite no cereal e não tem o que beber então comprei um suco (10), ali mesmo, você tem opções pra completar o café, mas paga à parte. Acho que o suco era o pior que já tomei na minha vida e eu já tomei alguns bem ruins, mas fazer o que, era só o café, e de graça, além do que meu dia ia ser maravilhoso.

Minhas coisas tavam arrumadas desde ontem, então só escovei o dente e fui pro lugar da onde saí a balsa pra ilha, aí que rola o imprevisto, estava no pier, com o bilhete da balsa comprado, vendo o mar azulzão, resolvi bater umas fotos e acaba a bateria da câmera, tudo bem, parte é culpa minha, mas demorou 5 dias pra chegar na metade da barrinha e em um dia acaba a outra metade, isso é enganação. Como eu já viajei, sei que imprevistos acontecem e a gente tem que contornar a situação, voltei no guichê e expliquei que não queria ir mais e o porque, mas não quiseram me devolver o dinheiro, insisti e falaram que trocariam a passagem para amanhã, menos mal, amanhã eu vou, com a bateria cheia.

Voltei pro albergue pra recarregar a bateria, nem fiquei muito nervoso, acho que neste lugar não tem como, é tudo muita paz. Fiquei lá 2 horas esperando recarregar, li um pouco, me deu sono e eu dormi, acordei desesperado achando que tinha dormido muitas horas e perdido o dia todo, eu me conheço, esta preocupação é séria, mas era meio dia, tinha dormido exatamente o tempo da recarga, tinha a tarde toda ainda.

Peguei meus livros e comecei a fuçar pra achar alguma coisa interessante, tem várias, mas tenho que controlar meu dinheiro, ele é meio contado, achei um parque próximo de Playa del Carmen, onde é possível fazer mergulhos em cavernas, achei tentador, pensei um pouco, não tinha preço e eu não tinha idéia de quanto era. Na dúvida fui no posto de informações, me deram todos os detalhes, de como chegar, o que levar, que horas voltar, mas também não sabiam o preço, então resolvi arriscar.

Peguei uma van, pra um lugar chamado Paamul, é perto de lá que está o parque, foram como 10 minutos e já estava lá, paguei o motorista (20) e fui em uma vendinha perguntar pelo parque e pelas cavernas, a mulher que me atendeu disse que era como umas 3 horas caminhando, quase chorei, porque não queria andar tudo isso e porque chegaria umas 3 e meia e seria tarde, mas ela disse que tinha uma praia muito bonita a 5 minutos, a Playa Paamul, fui conferir.

Se a Playa del Carmen é sossegada, esta morreu, só tinha eu na praia, me deu até medo, porque tive que andar umas trilhinhas pra chegar lá, tipo isolado, eu sozinho, mas aí comecei a andar e achei uma pousadinha que tinha um bar, parei ali pra tomar uma cerveja (25) e comecei a conversar com o mesero, ele me disse que a mulher da vendinha estava louca, que era só voltar pra estrada e pegar outra van para Barcelo, que não havia necessidade de fazer a trilha pelo mato, agradeci e voei pra estrada pra não perder tempo.

Peguei a van (12), cheguei e já vi o anúncio do nome do parque, KANTUN-CHI, era 1 da tarde, sol rachando, perfeito, meu dia não será perdido, pensei, fui até a entrada e aí desanimei, a entrada era 390 pesos, isso é caro, mas pensei no dia todo, que já tinha dado errado com a máquina de manhã, pensei que tinha ido pra uma praia errada, mas agora tava ali, vi as fotos do lugar, perguntei a que tinha direito, o moço me disse que tinha direito a mergulhar em 4 grutas (cenotes) e o passeio com um guia pela caverna que foi um templo dos maias. Pensei, pensei de novo, dizem pra pensar 2 vezes antes de fazer as coisas, não dizem? Paguei (390).

Fui ao primeiro e ao segundo cenote sozinho enquanto esperavam para formar o grupo que iria pra caverna, eu era o primeiro, falaram pra voltar em uma hora, beleza, vou explorar, cheguei no primeiro cenote (Kantun-Chi) depois de 10 minutos de caminhada, o lugar é bem bonito, a água é cristalina, coloquei o snorkel e o salva-vidas (estão incluídos na entrada do parque) e mergulhei, hipotermia, a água tava muito gelada, mas fazer o que, comecei a explorar, não é muito grande, pude ver alguns peixes, mas nem se compara ao mar, o chato foi que eu estava sozinho, então não pude tirar fotos de mim mesmo.

Fiquei uns 15 minutos e fui pro próximo, mais uns 10 minutos de caminhada e cheguei no segundo cenote (Saskaleen-ha), esse era maior, a água mais clara ainda, é isto que significa o nome dele, água clara, tinha um casal de namorados, pedi pra eles tirarem algumas fotos e pulei na água. O fundo e os peixes não são muito diferentes do primeiro, este é um pouco mais profundo e tem umas entradas subterrâneas, mas não tive coragem de ir lá, vai saber.

Saí dalí e resolvi voltar, no caminho arrebentou a alça da minha mochila, dia de azar, dei um nó, vai funcionar, mas fica pegando no peito. No caminho da volta lembrei do P.E.T.A.R., fui na sexta série, quanto tempo atrás, mas lembro de tudo, aquele lugar é bonito demais. As trilhas são parecidas e claro a atração principal também são cavernas, mas lá não dá pra mergulhar.

Cheguei lá, não tinha mais ninguém, só eu, iam ter que me levar sozinho, melhor, eu acho que é melhor. Meu guia se chamava Martin, super de boa, falou que ia ficar com minha máquina porque assim ele tiraria um monte de fotos minha. Entramos em um buraco e já me admirei, tudo bem, eles colocaram luzes no interior e o jogo de cores ajuda a deixar o lugar impressionante, mas o mais interessante é que ele me contou sobre os Maias e sobre os sacrifícios que eles faziam na caverna, ali era um templo de sacrifícios humanos, os Maias sacrificavam pessoas para os Deuses, no princípio eles não faziam isso, mas um dia eles se misturaram com os Olmecas e adquiriram esta tradição. Aprendi isto hoje, eu que quase não gosto.

A caverna é enorme, eu fiquei uma hora e meia dentro dela, entrei por um lugar, saí por outro, bem longe inclusive, um do outro. Dentro tem dois lagos que são bonitos demais, alí tem vários peixes, mas o que mais impressiona são as inscrições e estátuas, que agora estão no fundo, porque por algum motivo caíram, ou porque o lugar foi inundado, existem teorias, mas não se sabe ao certo.

A água dentro era um gelo, dentro é frio, consequência, uma hora e meia dentro você quase morre, o Martin disse que foi demorado porque eu estava sozinho, então ele pôde me mostrar tudo e falar sobre tudo, ele disse que quando vão em grupos de 10, muitas galerias ele nem mostra, mas eu fui em tudo, tirei muitas fotos, só vou por algumas, as melhores, mas o que mais me impressiona é saber que ali, naquele mesmo lugar a cerca de 1000 anos, os Maias rezavam para seus Deuses e sacrificavam pessoas, com a laterna é possivel iluminar o fundo e ver o altar, os desenhos, tem lugares que são realmente fundos então só é possível com a lanterna, que por estar sozinho ficou comigo, então pude admirar o quanto quis.

Saí de lá era umas 5 da tarde, paguei o Martin (20), não precisava, mas ele realmente tirou um bilhão de fotos, explicou as coisas muito bem e não molhou minha câmera conforme havia prometido. Depois da caverna os cenotes perdem a graça, mas achei que ainda assim deveria ver os outros dois, caminhei uns 40 minutos e vi os dois (Huchil-Ha e Zacil-Ha), mas depois não é a mesma coisa, nem mergulhei nestes porque estava escurecendo e eu estava com frio. Só um detalhe, no caminho de volta encontrei um macaco, tirei uma foto, é claro.

Agradeci e fui embora, comprei uma água (10) pra tirar o gosto de caverna da boca e segui pro outro lado da estrada tomar a van pra voltar, em 5 minutos já estava na van, em 15 minutos em Playa del Carmen, paguei o motorista (15) e achei que era hora de dividir a história com vocês, acredito que apesar do imprevisto consegui salvar meu dia, eu gostei.

Ontem o dia foi de filosofia, deixei muitos pensamentos pra vocês, hoje vou deixar informações, que também são interessantes. Pra quem acha que na América Central só existiram duas civilizações pré-colombianas, os Maias e os Astecas, isto não é verdade, estas duas são as mais famosas, mas não as mais importantes, os Olmecas e os Toltecas influenciaram em muito as outras duas, sem contar que todos são de períodos distintos, mas por um breve período alguns foram colonizados por outros e houve um grande império que tinha como base e portos a Costa Turquesa, que é onde estou agora, entre Playa del Carmen e Tulum. Hoje é também conhecido como Riviera Maia devido a grande quantidade de resorts e ao elevado turismo na região.

Sei que é meio estranho, mas tenho que relatar o final do meu dia, que foi no mínimo surpreendente, paguei a lan 50 pesos, um absurdo, mas beleza, adoro quando estou escrevendo, então vale a pena. Saí e fui pro albergue com a idéia de dormir cedo pra acordar cedo e ir pra Cozumel, mas tava rolando uma festinha lá, e tinha umas 20 pessoas, tomando tequila, cervejas e margaritas, já sabem né, me enturmei.

Ficamos no albergue até uma da manhã bebendo e resolvemos ir pra balada, não lembro o nome de todos, mas lembro as nacionalidades, eu brasileiro, um mexicano, um americano, um suíço, um basco, dois turcos, três australianas, uma canadense, uma inglesa, uma francesa e uma espanhola, ou seja uma galera, vários viajando sozinhos como eu, aqui todos juntos, fomos pra um lugar que se chama Blue Parrot (200), tava cheio, só alegria.

Fiquei um pouco com a galera, mas com o tempo as pessoas vão se separando, alguns voltam pro albergue, outros trocam de balada, eu fiquei lá, mais com o americano e com o mexicano, mas eles ficaram muito loucos e não dava pra conversar, fui dar um rolê, encontrei três meninas de Israel, conversamos um bom tempo, dançamos um pouco, chegaram quatro meninos de Israel também, fiquei ali mais um pouco, troquei umas idéias, mas nem imaginava o que estava por vir.

Resolvi ir pra pista de dança, eu tava no lounge, cheguei lá e encontrei dois meninos da Suécia, conversei bastante com eles, porque eles tinham passado o carnaval no Brasil, em Floripa, com um norueguês, que chegou 5 minutos depois com seis holandesas, super animadas e meio loucas talvez, mas o mais divertido, todos com havainas no pé.

Ficamos ali até umas 4, quando as meninas resolveram que iam nadar no mar, fomos todos, as seis, os três, e eu, tão diferente, isso nunca aconteceria no Brasil, bem comigo nunca aconteceu. Mas a verdade é que cheguei no meu albergue só às 2 da tarde, e meu passeio pra Cozumel, sei lá, fica pra outro dia. Só pra relatar, gastei 150 na balada.

É isso, meu beijo hoje vai pra pessoas que um dia me levaram pra tomar conhecimento de um mundo que pude experimentar hoje de novo:

- Marcelo e Cida, pois sou profundamente agradecido por aquela viagem, que foi mágica.
- Tina, que me deu o dinheiro pra poder viajar daquela vez.

4 comentários:

Unknown disse...

Demais, Demais, Demais =)
tudo muito lindo, muito legal ..
ah, ponha mais fotos se puder; são muito bonitas...
beijo gde Bobs

Unknown disse...

Filho...de repente de um imprevisto, você viveu essa experiência "subterrânea"...por mais que tenha gastado um pouco mais do que o planejado, foi ímpar...isso é muito legal nesse tipo de viagem, você é seu guia...
Ah! Não esqueça de comprar um filtro solar e um hidratante...hehe..
Beijos...
Na torcida sempre...
Ah!To amando as homenagens do final...

Cintia disse...

Tobi, eu amo o mar mas olha, as fotos de hoje me pegaram de jeito, viu? Que lugar lindo!
E tem mais, parece que as coisas não acontecem por acaso mesmo, né? Eita passeio não planejado mais legal!!!
Hoje pensei em você, te imaginei voltando. Pra falar a verdade foi igual uma novelinha, vc chegando e a gente fazendo roda em volta pra ouvir os causos. [:D] (detalhe: eu estava pondo roupa no varal, lá no quintal, às 23:50hs)
Beijo grande e um abraço especial!

Anônimo disse...

Po, muito maneiro. Gostei dos relatos dos Centes. VOu utiliza-los durant a viagem.

Um abraco,
Vagner (Tulum)