domingo, 20 de abril de 2008

20 de Abril - Palenque, México

Dia cheio, dia ótimo, Palenque é realmente um ótimo lugar e tenho certeza que a sorte anda ao meu lado, porque só com muita sorte que as coisas acontecem do jeito que estão acontecendo. Ou na verdade é porque toda vez que você está disposto a fazer coisas boas, outras coisas boas voltam pra você. Pensamentos positivos atraem coisas positivas, acredito cada vez mais que esta seja uma verdade a ser respeitada.

Chegamos a Palenque por volta das seis da manhã, já tínhamos em mente um lugar pra ficar que se chama Jungle Palace, mas acontece que não é bem em Palenque, é em El Panchan, um povoado perto de Palenque que fica no meio da selva, a mais ou menos cinco quilômetros. É no meio do caminho para as ruínas, o que é bom e outra coisa é que talvez seja um lugar perfeito pra mudar um pouco de ares. Sozinho talvez não fosse legal, mas como tinha ótimas companhias e a canadense de Mérida tinha nos falado a respeito, resolvemos ir pra lá. Depois descobri que foi a melhor coisa a ser feita, nada acontece por acaso e vocês vão ver porquê.

Tomamos um táxi (15) e seguimos por uma estradazinha bem precária, por assim dizer, até que então, o motorista entrou em uma rua de terra e começamos cada vez mais ir selva adentro, mata cerrada, floresta tropical, um lugar que talvez nem todos gostariam de ficar, mais eu sempre gostei de mato, então ótimo. Existem várias pousadas que oferecem desde redes até cabanas mais requintadas, mas já tínhamos nosso destino, e o motorista nos deixou na porta, ou melhor, na árvore que tem um placa dizendo "Jungle Palace".

Era por volta de seis e meia e um rapaz nos disse que a dona da pousada só chegaria às sete, então sentamos e começamos a bater papo pra matar o tempo, até que olhei pra estrada e vi duas pessoas caminhando em direção ao mesmo lugar, e uma delas era a Marina, a italiana que encontrei em Playa e Tulum, e que pode-se dizer que realmente é uma boa companhia. Coincidência ou não, estávamos no mesmo lugar, de novo, e isso é um bom sinal, porque ela é muito gente boa. Junto com ela estava um norueguês, Heine, que tinha vindo junto com ela de Tulum, começamos a conversar, ele se apresentou, as holandesas se apresentaram, agora éramos cinco, melhor, mais gente, melhor.

A dona da pousada chegou e resolvemos pegar uma cabana (50) pra gente, pros cinco, como um quarto privado, ótimo. Batemos papo na cabana e saímos dar uma olhada no lugar, o Heine ficou encantado porque nunca tinha visto mata fechada daquele jeito, ele vem de um país que é bem frio, por lá só existem pinheiros ou coisas parecidas, totalmente diferente, um dia também vou pra lá.

O lugar é muito bonito, pra chegar na nossa cabana tem que cruzar uma ponte de madeira sobre um rio, orquídeas e bromélias crescem em todos os lugares, e as árvores são gigantes, às vezes é possível ouvir o grito dos macacos-aranha, totalmente natureza. O lugar me lembrou um pouco um hotel que eu fui algumas vezes quando era criança, em Monte Verde, não lembro do nome, era de um homem chamado Andreas, mas lembro dos beija-flores, dos rios e que ficava na selva, sem contar que eram chalés, e chalés e cabanas são parecidos, pelo menos eu acho. Boas lembranças.

Fomos todos dormir um pouco porque não é possível descansar de verdade em um ônibus, você nunca encontra posições agradáveis, às vezes dá uns pulos e você acorda, sem contar que eu tenho um problema com ônibus, fiz viagens longas de Floripa a São Paulo e nunca consegui dormir de verdade, mas um dia aprendo. Enfim acordamos por volta das onze e fomos comer alguma coisa pra depois seguir para as ruínas. Comi um lanche de presunto, queijo, chili e feijão (40), apesar de não parecer uma boa combinação é muito saboroso.

Pegamos uma van (10) pra chegar nas ruínas mas antes tivemos que pagar a entrada do parque florestal (20) porque é uma reserva como a Serra do Mar e você quando vai pra lá não vai necessariamente para as ruínas. Existem trilhas, cachoeiras, animais e existem também as ruínas que era nosso destino. Chegamos e pagamos a entrada das ruínas de Palenque (48), comprei também uma água (20) e seguimos em frente, os cinco, rumo a uma nova experiência.

Palenque. Esse lugar é o que realmente todos podem chamar de lindo, eu decidi não fazer mais comparações com as outras ruínas, cada uma é cada uma e se você tiver oportunidade vá a todas. Acontece que Palenque é no meio da selva tropical, tipo Amazônia, então existem cachoeiras nas encostas e além disso, pra completar, um rio cruza o que foi a cidade Maia das montanhas. Por essa combinação de coisas, Palenque se torna especial, porque além da energia dos homens (os Maias) que construíram o lugar existe também a energia de Deus (a Natureza), e o contraste selva ruínas, torna o lugar de uma beleza única.

Há trinta anos mais ou menos não se sabia da existência de Palenque, porque a selva engoliu a cidade e ela foi esquecida pelo mundo, mas por algum motivo, alguém procurando por outra coisa completamente distinta, se deparou com as gigantescas ruínas no meio do nada. Desde então, mais de mil estruturas foram descobertas, mas muitas até hoje não foram escavadas e o público não tem acesso, mas a parte aberta para o público já vale demais. Um fato interessante é que dentro da tumba de Pakal, o rei de Palenque, foi encontrado um sarcófago todo ornamentado e dentro dele uma placa com umas inscrições, que mostram o rei em uma espécie de nave espacial. Isto seria a ¨prova¨que os Maias receberam ajuda alienígena e por isso eram tão cultos e desenvolvidos. A verdade ninguém realmente sabe, mas tem um livro interessante que li, que fala sobre antigas civilizações e alienígenas trabalhando juntos, pra quem se interessar chama-se Eram os Deuses Astronautas.

Andamos por todo o parque, Palenque tem vários grupos de ruínas, mas o principal é o melhor, com o Templo das Inscrições, o Palácio e a Tumba de Pakal. Mas é de outro grupo, que fica em um lugar mais alto que é possível ter uma visão geral da cidade e tirar boas fotos, ou simplesmente pra sentar e descansar da subida observando a explêndida cidade. O palácio tem uma torre bem singular em seu centro de onde era possível observar a chegada de pessoas ou forasteiros na cidade, tem também corredores subterrâneos que mais parecem labirintos e sua praça central que não é tão grande, mas também tem sua beleza.

Escutando um guia descobri que abandonaram Palenque porque sua posição era muito boa estratégicamente falando, mas ao mesmo tempo esta posição estava ameaçada por um mal, terremotos. A cidade foi reconstruída três vezes sobre as ruínas da cidade destruída, mas um dia os Maias desistiram por saberem que contra os Deuses não se pode fazer nada, e em uma demonstração de respeito deixaram a cidade pra que as coisas voltassem ao que eram, e os Deuses, com todo seu poder fizeram que a cidade fosse novamente selva, e a cidade foi esquecida para sempre. Adoro quando pego um explicação inteira.

Ficamos lá até às cinco, quando nos mandaram embora, pensei um pouco sobre o dia, foi ótimo ir para as ruínas com os outros, mas quando você esta sozinho você pode fazer as coisas a sua maneira. Sozinho você precisa das ruínas, dos Maias, do lugar, acompanhado você não se dá conta, você não aproveita do mesmo jeito, mas foi uma experiência interessante, sem contar que determinadas coisas que pra você passam desapercebidas são vistas pelos outros. É diferente, só isso.

Eles voltaram pro hotel, mas eu fui direto pra cidade porque precisava ver quanto tinha sido meu Palmeiras, e pra minha alegria tinha sido o que eu achei que seria. Eu sabia da dificuldade, mas sabia que o Verdão estava melhor. Maravilha, com gol de Valdívia pra completar, só faltou o choro, mas isto fica por conta dos São Paulinos, todo mundo tem que chorar um dia. Fiquei feliz com a notícia, mas nem tudo está acabado, agora é contra a Ponte, continua jogo duro, mas acredito que meu time é melhor.

Dia perfeito, encontrei a Marina, minhas companhias são ótimas, fomos pra um lugar lindo, aprendi história, que eu amo e o Palmeiras está na final. Como disse a sorte está do meu lado, ou atitudes e pensamentos positivos atraem coisas positivas, como posso dizer que não acredito nisto se posso sentir isto na pele, isto está sendo maravilhoso, e lembrem-se, qualquer um tem o direito de ser um cidadão do mundo, é só querer.

Antes de voltar pra selva, almocei na cidade que é mais barato, comi tacos e nachos com frijoles (70). Peguei um táxi (30) e fui direto pra cabana, cheguei lá mas não tinha ninguém, só um bilhete ¨Dear Tobias, we went to eat something at the Don Mucho. We meet you there¨, li, virei e fui pro restaurante.

Eles estavam comendo ótimas comidas, mas eu tinha acabado de comer, pedi a chave da cabana pra tomar um banho e por uma roupa que ia ter uma festinha no único bar que tem na selva, e todas as pessoas de todas as cabanas vão pra lá. Banho, roupa limpa, estava pronto, cheguei no restaurante de novo e eles estavam só me esperando, comprei uma cerveja (15) e fomos pro bar.

O lugar é ótimo, gente de todos os cantos do mundo, mochileiros perdidos, gente que ama o mato, gente do mato, galinhas, gatos e cachorros todos juntos dançando e se divertindo ao som de Mano Chau. A banda eram dois argentinos e alguns mexicanos, mas podia subir no palco quem soubesse cantar ou tocar alguma coisa, ou seja como uma festa entre amigos, a Marina subiu no palco e deu show, ela canta muito, eu já sabia, tinha ido com ela no Karaokê, mas os outros não sabiam e ficaram alucinados.

Músicas em espanhol, inglês, em qualquer língua, apesar de ninguém conhecer ninguém, todos se dão bem, conversam, criam laços que às vezes podem durar pra sempre, isto é vida, todos deveriam conversar com os outros e tentar se entender, às vezes você mora a vida inteira em um lugar e não sabe nem o nome do seu vizinho, veja só como são as coisas.

Ficamos até acabar, a Marina foi dormir mais cedo. Ótima noite, ótimo dia, entre músicas, amigos, e muitas pinas coladas (90), me diverti muito, conheci melhor outras pessoas e outros países, esta viagem está sendo perfeita, acredito que depois dela, com certeza serei uma pessoa melhor, e é isto que a gente sempre busca, melhorar. Eu estou fazendo isso, e estou tentando fazer bem feito.

Não pensei muito sobre meu dia, mas agora escrevendo percebi que passei os últimos dias encantado com as ruínas e cidades, com a energia de certos lugares e a força que isto tem, mas tudo isto foi feito pelas mãos do homem. Hoje houve uma mudanca drástica, porque agora a energia que sinto é da natureza, da mata, do cheiro da mata, dos rios, das cachoeiras e isto é obra de Deus, e isto é mais belo do que as coisas feitas pelo homem. Pensando no guia, e na história sobre os Maias e os Deuses, é fácil entender, sempre foi, respeite a natureza, ela é obra de Deus e contra Deus nada se pode fazer, os Maias entenderam isto a mil anos atrás, será que nós não aprendemos nada desde então?

Meu beijo de hoje vai pra segunda mulher mais importante da minha vida:

- Nana, porque esperou um século pra escrever no blog, mas escreveu e bem no dia que eu não postei nada, mas tudo bem, te amo.
- Tina, porque existem coisas que simplesmente superam laços familiares, estou falando de nós três.

7 comentários:

Unknown disse...

Oiii! Demorei, mas to aki...
Então, ainda não li todos os dias,mas vi todas as fotos. Não sei porque, mas todas as vezes que leio, choro muito, de saudades, de felicidade, de um orgulho tão grande, que não da pra dizer o tamanho...
To achando essa viagem incrível,e não sei se sou só eu, mas acho que vc deveria mesmo apostar nessa "profissão" de mochileiro escritor!! Linguagem gostosa, maneira descontraída de descrever situações e o que mais me surpreendeu, uma desenvoltura e simplicidade pra falar de sentimentos, dos seus mais preciosos sentimentos...
Quanto aprendizado,hein?!!

Unknown disse...

Agora é só pra despedir...
Te amo muiito!
Morro de saudades!!
Beijo grande

Cândida Molina disse...

O VERDÃO é só alegria. Dá-lhe Valdívia!!! Estou aqui aguada por novas notícias. Escreva logo. É uma delícia a maneira q vc escreve.
Cuide-se e que Deus te proteja. Bjs.

Amandinha disse...

Aprendi a deixar comentários!

To acompanhando vc na viagem, mesmo que de longinho. Mas essa distância é só geografica, né? Pq família tá sempre na cabeça e no coração.
Saudades SEMPRE
Beijo.... muitos beijos!
Amandinha

Unknown disse...

Não tem telefonito nesse pueblito???
Filho, estamos na expectativa de novos posts, mas se for mais difícil escrever (você nos deixou mal acostumados, ou melhor, bem acostumados)...dá uma ligadinha...
SAUDADESSSSS!!!!!
Deus te abençõe, lindo...
Beijos...

Cintia disse...

Como sempre, li e gostei. Curti e viajei junto. O verde tem mesmo um poder único e esse encontro de energias deve ser fabuloso. Eu diria que hoje você sentiu na pele uma "pororoca" de energias! :D

Quero crer que realmente "tudo acontece por um motivo"... você está vivendo isso. Espero que as coisas continuem acontecendo pra você e que lhe tragam cada vez mais experiências enriquecedoras.

Fica bem, se cuida e beijos!

Unknown disse...

Que delícia esse lance de natureza pura!!!!Isso é tudo de bom!!!Cheiro de terra, barulho de bicho, orvalho de manhã, ar limpo...
É prá se agradecer mesmo...desde Cancun, com infraestrutura prá endinheirados...até esses lugarejos, completamente simples, roots...quase consigo visualisar a sua realização nessa cabana, mata adentro...e a balada tocando Mano Chao!!!Com a bicharada trançando pelas pernas das pessoas...muito bom mesmo!!!
Tobi, no início você tava colocando mais fotos dos sabores mexicanos...agora, não sei se continua tirando fotos dos pratos...sei também que tem muitas fotos muito legais pra colocar...mas tava super interessante, é cultura local, né...
Beijocas...
Deus te abençõe!!!