quarta-feira, 30 de abril de 2008

30 de Abril - Comitan de Dominguez, México

Acordei bem cedo pra ir conhecer Os Lagos de Montebello, mas por obra do acaso estava chovendo muito, muito mesmo. O recepcionista me falou que seria uma perda de tempo ir ate lá em dia chuvoso porque as águas, em vez de ter todas as tonalidades maravilhosas, de verde esmeralda à azul turqueza, se tornam marrom como qualquer outro lago e para isso posso ver todo dia o Lago do Taboão. Conclusão, não fui.

Voltei a dormir e acordei tarde lá pelas quatro. Saí pra comer alguma coisa e fui no mesmo restaurante de sempre, o das chalupas. Pedi duas chalupas de entrada e depois um filet delicioso com creme de mostarda, uma deliciosa refeição, fazia uns dias que não comia alguma coisa tão gostosa. Paguei a conta (130) e fiquei ali lendo meu guia pra ver se descobria algo interessante pra fazer, mas não descobri, pelo menos não na cidade.

Fui pra uma lan e fiquei lá umas três horas, escrevendo e-mails, atualizando o blog, lendo notícias, na verdade fazendo nada. Resolvi que ia voltar pra pousada ler um pouco de um outro livro que tenho, mas na hora que estava cruzando a praça, a Ana me chamou. Ela estava tomando um café em um barzinho em volta da praça. Ela me perguntou se eu queria ir pra casa do Nuca, tomar uma cerveja e conversar um pouco. Falei que sim e fomos. Comprei umas cervejas (40) antes pra não chegar de mãos abanando e enfim fomos.

Chegamos lá por volta das nove da noite e ficamos conversando sobre muitas coisas, nem lembro tudo porque foram muitos assuntos. O Nuca e a namorada, não me lembro o nome dela, me contaram de vários lugares interessantes na Guatemala, porque eles já viajaram bastante e conhecem vários lugares. Contei um pouco dos lugares por onde passei no México, falei que tinha adorado o país, porque realmente o México é lindo e as pessoas são muito prestativas. Tomei uma raspadinha, o Nuca que preparou, ele vende raspadinhas de vez em quando. A Helena chegou era umas onze da noite e alí ficamos até uma da manhã mais ou menos. Pra mim é bem interessante quando acontece algo assim porque você realmente aprende um monte, estava na casa de um mexicano, só com mexicanos, sentindo na pele um pouco da cultura do México, além do que meu espanhol cada dia fica melhor.

Saimos de lá, eu, a Ana e a Helena e fomos caminhando até a porta da casa da Helena pra ela não ir sozinha. Me despedi dela porque provavelmente amanhã não irei vê-la e de lá fomos em direção à casa da Ana. Ela me convidou pra mostrar a cidade, as igrejas todas iluminadas, as praças que eu não conhecia. Fomos até uma catedral gótica que tem em Comitan e sentamos num banco da praça e ficamos conversando até umas três da manhã quando ela falou que tinha que ir pra casa dela, eu fui junto. Na casa dela encontrei a mãe dela, uma senhora muito simpática, mas à princípio um pouco desconfiada com a minha presença, mas no fim me tratou muito bem.

Amanhã com certeza sigo pra Guatemala, está mais do que na hora, aliás passou da hora. Eu tinha planos de ficar no México por apenas dez dias e no fim se passou um mês. Não que tenha sido tempo perdido, pelo contrário, aproveitei muito e não me arrependo de nada. Conheci pessoas e lugares maravilhosos, e tive experiências que me engrandeceram com certeza e que vão me marcar pro resto da vida. Aliás, refletindo a respeito deste país escrevi isto.

"O México é mágico, o povo é caliente e está sempre disposto a ajudar. Sempre alegres e sorrindo, assim eu descreveria seu povo. Aqui, quando algo é bom ou está bem se diz que é RICO, que está RICO. Este deveria ser de fato o significado desta palavra, já que dinheiro não faz ninguém feliz."

MÉXICO, que RICO!!!

Meu beijo e abraço de hoje vai a todas estas pessoas deste lindo país:

- Mexicanos, porque tem qualidades que deveriam ser copiadas por todos os outros povos do mundo.
- Tina, porque sempre que posso tento te agradecer por mais esta oportunidade.

terça-feira, 29 de abril de 2008

29 de Abril - El Chiflon, México

Hoje o dia foi lindo, visitei um lugar que nem sei por onde começar. Vou tentar descrever da melhor maneira possível e colocar bastante fotos, mas mesmo assim é difícil, porque mesmo estando lá, parece de mentira. Outra coisa, é engracado, depois de visitar lugares lindos e colocar fotos lindas, o dia mais comentado do blog foi o dia de hoje e só por causa de uma palavra. GREVE. Isso é estranho, mas tudo bem, vou continuar escrevendo porque sei que não é justo com certas pessoas, mas como é incrível o poder de uma só palavra.

Acordei e já tinha meu dia em mente, iría para um Parque que se chama El Chiflon, conhecido por suas lindas cachoeiras e por seu rio de cor azul turqueza. Comi umas chalupas (40) e tomei um suco de laranja só pra não ir de barriga vazia e estava pronto. Tomei um táxi (20) pro lugar de onde saem os coletivos pro parque, paguei (32) e fui conhecer um lugar que, pelas fotos ia ser um dos pontos altos da viagem toda.

O percurso é de mais ou menos quarenta minutos, por uma estrada que não é muito boa, mas em compensação a vista é bem bonita e você não sente a viagem. Cheguei no parque por volta de uma da tarde. O coletivo não deixa você exatamente no parque, deixa você na beira da estrada, aí você tem duas opções, ou vai caminhando, uns dois quilômetros, ou pega um tuc-tuc. Resolvi pegar um tuc-tuc (10), uma espécie de moto-taxi, porque não queria perder mais tempo.

Cheguei na entrada do Parque e tive que pagar dez pesos, o que na verdade é uma mixaria, porque o parque tem uma infra-estrutura super boa, com restaurantes, bares, vestiários, churrasqueiras e se você quiser cabanas pra passar a noite, mas tem que pagar um adicional. Não sei quanto, mas não deve ser muito caro. Agora tinha chegado a hora de descobrir El Chiflon.

Logo na hora que entrei e que vi a cor do rio, as pedras o lugar todo, lembrei da Fantástica Fábrica de Chocolate com seu rio de chocolate. Aqui o rio não é de chocolate, mas talvez de um caldo ou doce de Aniz. O azul é tão azul que parece artíficial. Eu realmente não sabia que existiam rios com a água daquela cor, mágico. Logo na entrada você tem que tomar uma decisão, se vai subir pela margem esquerda ou direita, porque depois de um ponto não é mais possível atravessar, talvez alguns pontos a nado, mas bem no começo.

Segui pela direita porque me disseram que era melhor, e eu entenderia porquê. A trilha é de dois quilômetros, mas não é bem uma trilha, porque foi toda cimentada, colocaram escadas, então é bem fácil. Sem contar que no meio do trajeto tem dois bares e banheiro pros preguiçosos sentarem e descansarem. A trilha deve ser feita, porque no final dela, você ganha o prêmio de ser lavado por uma cachoeira de cento e vinte metros, mas isso é no final, e ainda estou no começo.

Eu não sei bem a diferença entre cascata e cachoeira, mas em espanhol só existe uma palavra, cascada. Pra mim não faz diferença, porque eu gosto na verdade é de estar lá, embaixo de toda aquela água, pra realmente lavar a alma. Mas enfim, este parque é conhecido por suas inúmeras cascadas que você vai vendo ao longo de todo trajeto, sem contar que existem mirantes que te oferecem vistas maravilhosas. Cachoeiras exercem um fascínio sobre mim, não sei se isso acontece com todos, mas me sinto bem quando estou com elas, ou nelas.

Comecei o trajeto e não parei de tirar fotos do rio de aniz, porque ainda não estava acreditando que fosse de verdade. Após uns quinhentos metros a primeira surpresa, a Cascada Suspiro, bem Fantástica Fábrica de Chocolate este nome, né. Ela é linda, com seus vinte cinco metros de altura e aquele monte de água fazendo aquela espuma branca e logo se convertendo em uma piscina azul, é uma experiencia agradável. Segui meu ritual, dei um mergulho, agradeci por tudo e segui meu caminho.

Parei em um mirante porque vi bem longe a última cascada, ela era gigante, tirei umas fotos e resolvi só pensar nela na hora em que eu estivesse lá, aos seus pés. Mais uns quinhentos metros e a segunda, Cascada Ala de Anjo. Maior que a primeira e linda também, são na verdade diferentes, como com as ruínas, não acredito que seja uma boa coisa fazer comparações, então só tenho isso a dizer. A segunda cascada tem seu encanto também, talvez as fotos ajudem, mas não sei o quê dizer. Após dar um mergulho segui pra última, a mais linda cachoeira que eu já vi.

Vielo de Novia. Cento e vinte metros de queda, e uma lagoa gigante e azul se forma aos seus pés. O lado direito da margem é melhor, só nesta hora percebi o porquê. Existe um mirante, que fica exatamente de frente pra ela, onde há uns cem metros da cachoeira, é possível sentir aquele vapor de água te encharcando. Fica difícil de tirar fotos, porque a minha câmera não é à prova de água, mas eu estive lá e isto basta. Foi ali que passei uma hora de meu dia olhando, ora a cascada, ora o rio, tentando entender como aquela combinação era possível. Após cinco minutos já estava totalmente encharcado, mas nem me preocupei. Queria sentir aquilo, estava sentindo aquilo, e foi bom.

Foi ali perto que encontrei três mexicanos que foram minhas companhias até o final do dia. Dois rapazes e uma mulher da idade da minha mãe. Conversamos bastante, eles me contaram várias coisas sobre o México, eu fiz minha parte e contei do Brasil. Mexicanos e brasileiros se entendem, apesar de não sermos vizinhos, nem nada, acredito que nossos povos são bem parecidos. Comemos uns sanduíches de presunto e queijo que eles tinham e resolvemos voltar pro início do parque.

Paramos em uma parte que todos nadam e dei meu último mergulho e quase pude sentir o gosto de aniz. Tirei umas fotos com o pessoal, trocamos e-mails e depois tomei meu rumo de volta pra Comitan. Desta vez fui caminhando até a beira da estrada até que passou o coletivo (30) que me levou de novo pra cidade.

Tomei um banho na pousada e saí pra escrever um pouco na net. Tomei uma coca (10) enquanto atualizava o blog, mas fiquei só uns trinta minutos porque tinha combinado de sair com a Ana e a Helena. Liguei pra ela e ela disse que estava em um café, fui até lá para encontrá-las. Elas me perguntaram se eu queria passar na casa de uma amigo delas antes de ir pro barzinho que o Pedro trabalha, eu disse que sim, claro.

Fomos na casa de um rapaz que se chama Paco, ou Nuca, ficamos lá conversando um bom tempo e quase perdemos a hora. Este Paco é bem gente boa, é um pouco mais velho e tem coisas interessantes pra contar porque já viajou muito. Saímos de lá e tomamos um táxi (20) pro barzinho, que é bem interessante e arrumado, mas só tinha a gente.

O Pedro praticamente ficou na nossa mesa apesar de estar trabalhando. Tomamos umas cervejas, comemos uns aperitivos e eu comi uma batata recheada. Ficamos conversando até umas duas da manhã, sobre tudo. A Ana me contou umas coisas da vida dela, a Helena também, eu contei um pouco da minha, e assim passamos a noite. Despedimos do Pedro e tomamos outro táxi (20) pra casa. O motorita deixou primeiro as meninas e por último eu. Estava cansado, agora era a hora de descansar. Amanhã tenho outro longo dia pela frente, vou pros Lagos de Montebello.

Após longos dias encontrei a paz em um lugar de novo. Era ali que eu deveria pensar em tudo que tenho passado, agradecer por isso. Sabe, sinto muito falta de não estar em casa, com minha família, com meus amigos, com minha Mãe, mas algumas coisas você tem que fazer por você mesmo. Fico pensando no quanto sou privilegiado por estar conhecendo tantos lugares lindos e tantas pessoas novas. Penso na diferença entre as vontades das pessoas. Algumas preferem passar a vida toda no lugar em que nasceram, sem conhecer outros lugares. Outras como eu querem tudo, menos isso. O mundo está aí e quero desbravá-lo, pouco a pouco, tenho muito tempo para isso e mais importante, tenho pessoas que me apoiam e fazem o possível pra eu viver meus sonhos. E nestas horas que penso e repito o quanto sou privilegiado, estar aqui é resultado de uma séria de pequenas coisas que eu não poderia fazer sozinho, por isso agradeço sempre pelas pessoas que tenho a minha volta. Devagar estou aprendendo que precisamos sempre um dos outros, e devagar estou percebendo esta evolução que se passa dentro de mim. O quão mesquinho já fui, o quão egoísta já fui, mas graças a esta família sei que este é o propósito de nossa estada aqui, viver, aprender, evoluir.

Meu beijo de hoje vai em agradecimento a todos vocês:

- Famíla Leme, mestres e alunos.
- Família Molina, mestres e alunos.
- Tina e Telo, nem sei o quê dizer.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

28 de Abril - Comitan de Dominguez, México

Hoje é dia de partida. San Cristóbal é uma cidade que vai ser difícil de esquecer como Cuzco. Desde o início já sabia, pelo lugar, pelas pessoas, pela energia que te faz sentir bem. Mas isto faz parte do que estou fazendo. Conhecer, ficar, amar, partir. Sei que aqui foi bom demais, mas sei também que há muitos outros lugares a conhecer e assim como este me trarão boas recordações.

Acordei bem cedo, umas nove da manhã, tomei meu café da manhã, algumas torradas com geléia e manteiga. Arrumei minhas coisas, enfiei tudo na mala e estava pronto pra partir. Paguei por todas as noites que não tinha pago (400), me despedi do pessoal que já duvidava que eu iría embora um dia, mas desta vez era pra valer.

Tomei um táxi (30) pro terminal de ônibus e fui olhando a cidade pela última vez. San Cristóbal é muito bonito, muito mesmo. As pessoas, a alegria da cidade contagia a todos. Uma mistura de seu povo indígena original, dos mexicanos mestiços e de uma porção de estrangeiros vivendo e aproveitando tudo na mais perfeita harmonia. A arquitetura colonial, para quem se interessa por isso, é de deixar qualquer um fascinado. No meu caso esta percepção é mais aguçada, tive um excelente mestre nesta arte, e com certeza esta fascinação também é parte de um desejo dele que não pode ser cumprido.

Comprei minha passagem (32) pra Comitan de Dominguez, uma cidade que está entre San Cristóbal e a divisa com a Guatemala. Poucas pessoas param nesta cidade, ela não tem muito a oferecer, mas pra mim tem tudo pra ser uma ótima experiência. Descobri uma família indígena na net e possivelmente me hospadarei na casa deles por uns dois dias, pra mim vai ser uma experiência fascinante.

Após duas horas de viagem, cheguei. Tomei um táxi (40) e fui direto pra uma pousada que tem no meu guia e que oferece preços econômicos, chama-se Posada las Flores. Paguei um quarto (80) só para uma noite, já pensando em amanhã ir para a casa da família indígena. A pousada é bem boa, quartos bem limpinhos e banho quente. Tomei um banho e resolvi tirar um cochilo, estava um pouco cansado.

Era por volta das quatro da tarde quando acordei de novo. Fui dar uma volta pela cidade, perguntei pro recepcionista alguns pontos de interesse e ele bem gente boa me arrumou um mapa ilustrado da cidade, com as igrejas, museus, com tudo. Tudo é bem perto, então em umas duas horas tinha conhecido tudo que era possível caminhando. Passei no mercado municipal pra comer alguma coisa, tinham me falado que ali era possível de encontrar tudo que eu queria, e é verdade. Mercado é mercado, mas ali existem vários lugares onde você compra o que quiser, leva em um restaurante e eles preparam pra você. Comprei um pouco de frango e maiz e me prepararam uma coisa (40) que não me lembro o nome, mas era bem gostoso.

A praça central é bem bonita, com fontes e todas as construções com mais de dois séculos, isto é uma coisa que me encanta. Outra coisa é que por toda cidade estão espalhadas esculturas, algumas gigantescas, de escultores mexicanos e locais. Algumas de ferro, outras de pedra, madeira, enfim vários tipos. Resolvi ir a um museu que conta a história de um homem que foi muito importante para esta cidade, o Dr. Belissario Dominguez. O museu é muito informativo e com muitas salas retratando a antiga casa do homem e contando seus feitos. Poderia contar tudo que lembro, mas acredito que seria maçante. O importante é que aprendi um pouco da história de um bom homem e da cidade que estou.

Resolvi que ia pra pousada pra ligar pra família e também para uma menina que conheci no mesmo site. Este site é um site de relacionamento como qualquer outro, mas serve pra você arrumar hospedagem em todas as cidades do mundo enquanto estiver viajando. Liguei pra família e descobri que eles moram na cidade, mas em uma bairro muito afastado, só de sítios, achei que não seria legal, porque para tudo teria que tomar um táxi pra cidade. Nesta hora acabou a força, ficou tudo escuro e eu como gosto pouco, aproveitei a situação pra dormir mais um pouco.

Acordei de novo, pela terceira vez, era umas oito da noite. Peguei umas roupas no fundo da mala, tomei um banho e fui pra praça central comer alguma coisa. Comi umas chalupas, deliciosas por sinal e depois fui ligar pra menina, a Ana. Ela estava ali perto também, falou pra gente se encontar perto dos Mariachis. Fui até lá e esperei uns cinco minutos e lá estava ela, me apresentei, ela se apresentou e falou que estava com uns amigos jogando sinuca, perguntou se eu queria ir e eu respondi, claro que sim. Cheguei lá e conheci o Pedro e a Helena, amigos da Ana. Ficamos lá conversando um pouco enquanto jogávamos e tomávamos umas cervejas, a regras são totalmente diferentes do que no Brasil, mas isso não vem ao caso, afinal estava no México.

Saimos de lá e fomos a uma cafeteria tomar um café. Café depois de cerveja? Não contrariei, mas aqui é habito, então tinha que me adaptar. Pedi uma tortilla e um café (35) enquanto cada um pediu o que queria. Ficamos ali cerca de uma hora conversando sobre vários assuntos, se conhecendo, na verdade me conhecendo porque eles já se conhecem. Eles são boa gente, todos trabalham e tem um rumo na vida, isso é sempre bom, eu mesmo não sei qual é o meu.

O Pedro me deu uma carona até a pousada, me despedi de todos e agradeci. A Ana disse pra eu ligar pra ela amanhã de novo pra gente fazer alguma coisa, possivelmente ir tomar uma cerveja no restaurante do Pedro. Isso é muito bom, quando você chega a uma cidade e tem um contato por lá, não se sente tão perdido. Cheguei na pousada e fiquei lendo meu livro O Imperador até altas horas, nem sei que horas, mas era tarde, porque li umas cento e cinquenta páginas, até acabar.

Não sei o que acontece comigo, já tentei compreender isto mas acredito que não exista uma resposta exata. Deve haver vários motivos, mas a verdade e que ainda estou abalado com a "perda" da minha família. Isto já aconteceu quando deixei Miami, agora de novo. Andei tristinho os últimos dias, acho que tudo isso seja pelo fato de eu estar sentindo uma falta tremenda de vocês, do meu Brasil, da minha família e meus amigos, enfim das minhas raízes.

Meu beijo de hoje vai pra todos vocês que se enquadram nesse parágrafo acima:

- Minhas Raízes, porque sem vocês não sou nada.

domingo, 27 de abril de 2008

27 de Abril - San Cristóbal de las Casas, México

Devido à excelente noitada de ontem, acordei por volta das cinco da tarde, mas não posso reclamar de nada, porque estava lá porque quis e porque valeu a pena. Então por isso meu dia de hoje foi bem curto e bem tranquilo.

Logo que acordei, tomei um banho e fui em um restaurante que tem no guia que se chama Madre Tierra. O lugar é bem famoso entre mochileiros e também porque oferece uma variedade de comidas vegetarianas. Pedi uma lasanha (90) e comi com tacos e tortillas, umas experiência diferente, mas a verdade é que estava deliciosa.

Passei na farmácia e comprei um creme de barbear, umas lâminas e um cortador de unha. Higiene pessoal (125). Minhas unhas do pé estavam terríveis, agora estão lindas. Voltei pro albergue, tomei um super banho, fiz minha barba que minha mãe tinha pedido e cortei as unhas. Me senti um novo homem e talvez eu fosse um novo homem. Todo esse processo levou mais de uma hora.

Quando saí no pátio do albergue, as pessoas começaram olhar pra mim espantadas, admiradas, achando graça e fazendo muitas piadas do tipo, você acabou de chegar, não tinha te visto aqui antes. Isso faz parte, mas a verdade e que estava mesmo muito diferente, agora só falta cortar o cabelo, mas não sei se quero, gosto dele grandão. Ficamos conversando até umas dez da noite, em volta da fogueira, sobre várias coisas como sempre, até que saímos pra dar uma volta.

Falei que queria comer alguma coisa e paramos em uma espécie de churrascaria. Não é como as nossas, é claro, mas também não deixa nada a desejar. Me empanturrei de carne e tomei duas cervejas (110) e depois de lá fomos pra um barzinho. Eu achei que domingo seria mais animado, mas a cidade estava meio morta, todos os lugares vazios. Resolvemos ir pra balada, mas lá estava a mesma coisa, super desanimado, poucas pessoas. Ficamos alí uma hora tomando uma cerveja (50) pra ver se as pessoas chegariam mais tarde. Algumas até chegaram, inclusive um dos holandeses, ficamos alí conversando mais um pouco, o Jesus foi embora, e eu uns vinte minutos depois. Voltei caminhando e pensando que até que enfim iria dormir cedo pra poder seguir viagem à Comitan, tava precisando.

Meu beijo de hoje vai pra todas as pessoas que conheci neste albergue também:

- BackPackers, um outro bom lugar!!!
- Tina, porque nenhum lugar é melhor que a casa da nossa mãe.

sábado, 26 de abril de 2008

26 de Abril - San Cristóbal de las Casas, México

Bem, vamos lá. Acordei por volta das duas da tarde e fui comer alguma coisa. Antes tomei um banho e conversei um pouco com as pessoas no albergue. Apesar de minha família ter ido embora ainda existem várias pessoas que conheço que ainda estão no albergue.

Comi uns tacos (45) em uma taqueria perto do albergue e de lá fui caminhando até o Museu de Medicina Maia. Fica um pouco longe do centro, então demorei uma meia hora pra chegar, mas fui olhando um lado da cidade que não conhecia, uma lado mais feio, mais pobre, parecido um pouco com nossas favelas.

Cheguei no lugar, paguei a entrada (30) e fui dar uma olhada. O lugar não é muito grande, mas tem informações preciosas que contam com exatidão o quê o guia nos contou em Chamula. Li tudo o que podia e tirei fotos de bonecas que ilustram as situações, como o parto dos maias e outras coisas. No fim do museu tem um vídeo de uns quinze minutos totalmente explicativo a respeito do procedimento do parto e dos cuidados que se tem que ter com a mãe e o bebê. Na saída existe uma farmácia onde é possível comprar todos os medicamentos maias, todos naturais. Enfim, bem interessante.

Saí de lá e fui dar outra volta pela cidade porque era meu último dia e queria tirar fotos de tudo que era possível. Fui ver todas as igrejas, todas as praças e sentir um pouco da cidade pela óltima vez. Passei na frente de uma lan e resolvi entrar pra escrever um pouco. Fiquei lá umas três horas (40), tomei uma coca e atualizei um pouco do blog, Saí de lá e fui comer que estava com fome de novo, passei em um restaurante e comi uma torta de frango e vegetais (60). Por acaso encontrei no restaurante o Nico, um italiano de Tulum, ficamos alí conversando um pouco, ele estava com uma mexicana que deu umas dicas de Comitan, me despedi e de lá segui pro albergue.

Chegando no albergue não tinha ninguém, uma alma, perguntei pro vigia e ele me falou que todos tinham saído pra balada. Fui tomar um banho e trocar de roupa que ia atrás do pessoal. Quando estava pronto encontrei o Jesus, um mexicando que conheci desde o primeiro dia em San Cristóbal e fomos juntos. Já no primeiro bar encontramos todo mundo do albergue, umas quinze pessoas, foi bem divertido.

O mais legal da noite foi que na mesma balada encontrei os três holandeses de Tulum, os que tinham ido pra Belize. Ficamos todos juntos, até que o pessoal do albergue começou a ir embora. Fomos pra outro bar onde estava tocando uma banda super boa, vários bobs, the doors, santana e até mano chau. O vocalista devia ter uns sessenta anos, e cantava muito, tava bem massa.

Encontramos umas meninas e ficamos com elas na balada até umas cinco da manhã, conversando, dançando e curtindo. Saímos de lá e fomos todos pro zócalo, jogamos conversa fora até umas seis da manhã e fomos cada um pro seu albergue. Estávamos todos em albergues diferentes, então voltei caminhando sozinho e pensando que amanhã de novo nao acordaria cedo suficiente pra seguir viagem.

Pensando sobre o dia de hoje, concluí que faz parte da viagem dias que não se conhecem lugares novos, apenas pessoas. Um dia não me lembro aonde, alguém me disse que os recursos naturais número um de um país são as pessoas, hoje conheci muitas, então tá valendo.

Meu beijo de hoje vai pra uma amiga que to devendo um e-mail faz um tempão, mas logo eu mando:

- Juli, porque ela é uma pessoa muito importante pra mim.
- Tina, porque é mais importante ainda.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

25 de Abril - San Cristóbal de las Casas, México

Bom vamos lá, só pra não dizer que não escrevi nada de novo pra vocês nestes últimos dias, vou escrever sobre este meu dia que foi talvez o dia mais a toa de toda viagem.

Acordei por volta das quatro da tarde, e me senti um pouco melhor, sabia que precisava comer porque não tinha comido bem ontem. Tomei um banho e saí pra rua dar uma volta e procurar um lugar que tivesse uma comida leve. Achei uma lan house que servia uns lanchinhos bem leves. Resolvi que ia sentar ali atualizar o blog que estava todo atrasado e podia comer meu lanche de pouco em pouco.

Fiquei quatro horas escrevendo, detalhei bem como foram os últimos dias, todos os lugares, todas as aventuras e todas as pessoas. Fui comendo devagar e comecei a me sentir melhor. Mas a respeito de hoje não tinha muito o que escrever, tinha acabado de acordar e passar o dia inteiro escrevendo. Pelo menos vocês podem usufruir tambem dos últimos dias.

Paguei a conta, lan e lanche (90) e fui dar uma volta na cidade. Me senti um pouco solitário, minha família tinha partido, estava sozinho de novo e já tinha me acostumado com a companhia. Por esse vazio que estava sentindo resolvi que era melhor voltar pro albergue, ver uns rostos conhecidos.

Cheguei lá, o pessoal estava em volta da fogueira, me aproximei e puxei papo com um belga que já tinha visto por lá. Conversamos um pouco, me enturmei com o resto, não foi tão difícil, nunca é. Ficamos lá até que um pessoal resolveu sair comprar cervejas, eu fui junto, mas para comer. Comi alguns tacos de frango (90) sem pimenta, sem nada, só frango pra me recuperar por completo, e voltei pro albergue de novo.

Ficamos lá umas vinte pessoas conversando sobre muitos assuntos, mas o tema central sempre sao países que passaram e dicas preciosas. Dei as dicas que podia dar, escutei aquelas que poderiam me ajudar até que todos resolveram sair. Eu sabia que sair junto não era uma escolha sábia, estava me sentindo melhor e queria continuar assim. Fui pro computador do albergue, conversei um pouco com minha mãe, vi tudo que tinha que ver, se alguém tinha comentado os novos posts e resolvi que ia dormir. Amanhã tenho certeza que vou estar cem por cento e com certeza terei algo de interessante pra contar. Beijos e ainda por incrível que pareça, sonho com você.

Meu beijo de hoje vai pra você por que você realmente mereceu antes, mas aí vai:

- Cintia, porque hoje lendo meu blog e os antigos comentários, percebi que se não fosse por ela provavelmente já teria desistido de continuar escrevendo.
- Tina, porque também comenta todo dia, mas mãe não vale, né.